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Edição 49 - Enac 2008

Empresa, Trabalho e Cidadania

O Eneac 2008, Encontro Nacional das Empresas de Asseio e Conservação, aconteceu de 9 a 13 de abril, no Costão do Santinho Resort & Spa, em Florianópolis/SC. O evento, que está em sua 5ª edição, reuniu nada menos que 600 pessoas, reafirmando sua posição de prestígio entre os encontros desta cadeia.

O tema? Empresa, Trabalho e Cidadania, com apresentações de peso e profissionais com grande conhecimento em sua área de atuação. Além disso, ofereceu uma programação cultural e de entretenimento, que agradou a todos: show de Guilherme Arantes, uma mini Oktoberfest, a Festa Temática “Cine Show” e a oportunidade de desvendar as belezas naturais do local.
Durante o encontro, a Febrac – Federação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Limpeza e Conservação também realizou a entrega do Prêmio Mérito em Serviços, conferido a várias empresas. Segundo Laércio José de Oliveira, presidente da entidade, a premiação é a mais representativa de todo o setor. A cada edição o número de empresas agraciadas aumenta e o mercado melhora em qualidade e solidez.

De acordo com os parâmetros estabelecidos, para receber o prêmio a empresa precisa ter sua inscrição homologada em uma das seguintes categorias: Bronze – empresas entre 10 e 20 anos de fundação; Prata – entre 20 e 30 anos de fundação; Ouro – entre 30 e 50 anos de fundação; e Diamante – companhias com mais de 50 anos de história.
Curioso para conhecer os assuntos que mais chamaram a atenção no Eneac 2008? Confira a seguir:

Pegada Ambiental Todo Mundo Tem

Marcos Sá Correa, jornalista, editor do site de jornalismo ambiental OECO, escreve para os sites NOMINIMO e AOL. Tem uma coluna semanal na página de meio ambiente no jornal O Estado de São Paulo. Foi diretor da revista Época e Veja. Tem quatro livros publicados e fez documentários com João Moreira Sales, como “Santa Cruz” e “Vale”

Intitulando-se como um “Ecochato”, Marcos Sá Correa apresentou um filme montado, em formato paródia, em que o embaixador chinês nos EUA dá uma entrevista comemorando o fato que a China é o maior poluidor do mundo e se recusa a tomar qualquer providência. O noticiário é engraçado por que é 100% mentiroso e 100% verossímel (bem-feito). Ou seja, assistimos uma desgraça, apresentada como palhaçada. É mais ou menos como um comentário feito na década de 70 por um Ministro, que disse: “Se fumaça é progresso teremos poluição”.

 Segundo o palestrante, chegamos em um ponto complicado da questão do meio ambiente. Hoje o tema está virando uma moeda universal e todo mundo quer ser verde. Mas o que não temos ainda é uma cotação universal desta moeda, com exceção da medição do carbono, que desponta no cenário.

A velocidade da desordem climática introduziu um elemento novo que é a emissão de carbono. Todo mundo emite carbono. A nossa cota de carbono é complicada por fatores que eram desconhecidos e agora são violentamente buscados pelas pesquisas cientificas. Hoje a Pegada Ambiental consegue medir quanto carbono emitiu para fazer determinado produto. E estas contas estão ficando obsessivas e invadindo todos os negócios, pela primeira vez com uma medida mensurável,”precificável”.

 Mas como Marcos virou um “Ecochato”? “Ao levar o jornalismo muito mais a sério”, respondeu ele. Tem asco à política brasileira e, inclusive, de ler sobre o assunto. O livro Ferro e Fogo, escrito por de Warren Dean e Cid Knipel Moreira (Companhia das Letras), fala da história do Brasil contada por um autor americano, sobre a Mata Atlântica. Na descoberta, os portugueses viram essa imensidão verde e não o Brasil. “Somos herdeiros do desperdício brutal; fomos roubados por todas as gerações que vieram antes de nós. Ou seja, hoje, o que seria a nossa maior reserva brasileira, continua sendo usada por outros e, com isso, nascemos com uma dívida para resolver”, ressaltou ele.

 “Nascemos com uma praga chamada Pegada Ambiental, somos poluidores inevitáveis, já que para respirar emitimos carbono.  Vivemos enganados pela nossa capacidade e percepção”, disse Marcos.

 Segundo ele, a única coisa que poderia salvar o meio ambiente seria uma relação mais espiritual entre pessoas e natureza (entretanto, como há várias crenças religiosas é mais complicado). “Nós vivemos dentro da Terra e não em cima dela. Por isso não somos livres como pensamos. Vivemos entre duas camadas (chão e ar), que compõem a esfera terrestre, que têm existência física e concreta e, portanto, somos afetados por tudo que paira neste meio”.
Veja, o “Aquecimento Global é uma desordem climática e não um objeto de discussão científica. Este tema é estudado há mais de 100 anos – as condições climáticas (quente e frio) e suas conseqüências. A humanidade tem que ir em frente, sobreviver... O que está acontecendo é que estamos interferindo na velocidade deste fenômeno (desordem climática). Hoje somos quase 7 bilhões de indivíduos. Uma sujeira não é local, seus efeitos são globais. Temos também o momento da revisão da mentalidade brasileira. O que estamos fazendo com a Amazônia não é falta de conhecimento, é burrice”, ressaltou. 

 Lembrando uma crônica de Rubem Braga, em que um caminhão de lixo anda por Ipanema, falou sobre o fato de o porco ser o animal que produz o lixo e que não limpa. “A essência da atividade de limpeza deveria se dissociar da limpeza”, refletiu ele.  

No caso do mercado, a partir de agora este precisa começar a se apoderar de toda a cadeia produtiva, do que será (carbono) despejado na natureza. “Isso será inevitável. O custo da natureza nunca foi devidamente calculado nos negócios. Veja o exemplo de uma empresa americana que fabrica roupas. Sua meta para 2010 é ser carbono zero, o que significaria tirar 100 mil carros de circulação. Temos aí uma questão que já entrou no mundo empresarial e que ainda não está tão à vista assim, mas que poderá pegar alguns desprevenidos, que terão sérios problemas”, lembrou o jornalista.


O Trabalho e o Princípio Constitucional da Dignidade Humana 

Dr. Jorge Antônio Maurique, Juiz e Membro do Conselho Nacional da Justiça

O conceito de dignidade é variável de acordo com o tempo e espaço. No entanto, podemos afirmar que foi apenas nos últimos três séculos que conseguimos afirmá-la como inerente à pessoa humana. Isso porque é o ser humano, como ser histórico, que cria e desenvolve os valores de seu mundo em cada determinado momento. Dignidade pode ser definida como honradez, nobreza, decência, ligada ao ser humano por uma abstração intelectual representativa de um estado de espírito. 

A evolução histórica, nas sociedades mais rudimentares, não tinha o conceito de dignidade como um conceito social, mas sim como atributo individual. Apenas a partir da Revolução Americana e, principalmente, Francesa, é que se passou a considerar a pessoa humana em sua integralidade, como cidadão. 

“O trabalho como fenômeno cultural, tal como vivenciamos hoje, é relativamente recente e em constante mutação. Por que nós, da civilização ocidental, herdamos nossos conceitos da Grécia e até hoje discutimos Platão, Pitágoras, Aristóteles, baseado numa sociedade onde o trabalho era desigual”, explicou o palestrante, que ainda detalhou o conceito passando por Roma (escravidão devedores e vencidos), Idade Média (feudalismo) Idade Moderna (escravidão negra) até o início das mobilizações operárias ( no Século XIX), que pleiteavam por melhores condições de trabalho, por dignidade humana. 

Relata que no Brasil o movimento passa da Colonização, Escravização, Importação, Reconhecimento de Direitos e Constituição de 1988. Esta última elegeu a dignidade da pessoa humana. Esse reconhecimento constitucional da dignidade à pessoa implica a obrigação do Estado de garantir a qualidade de vida e isso tem conseqüências. Estabelece que a existência de condições dignas de trabalho é um dos objetivos dos direitos sociais dos trabalhadores. Conseqüências dessa determinação: ambiental saudável, cercado de garantias que preservem a personalidade e o bem-estar das pessoas, estando o ser humano acima do valor do capital e do lucro. 

A importância do ambiente sadio e seguro do trabalho é destacada nas normas jurídicas voltadas a garantir a segurança e higiene no trabalho, com a conseqüente fiscalização interna e estatal.

• O trabalhador tem direito a um ambiente laboral hígido e humanizado, livre de riscos ou quando inevitáveis; além disso: acesso aos meios tecnológicos de proteção à saúde e à integridade física.
• Assistência social em casos de acidentes laborais.
• Assistência previdenciária como direito fundamental constitucional à superação dos riscos sociais.
• Tributação das empresas para garantia de melhoria das condições de risco.
• Penalização do empregador na exposição de outro a riscos desnecessários ou proteção deficiente e inadequada ao empregado.

O Dr. Jorge reforça dizendo que a garantia de trabalho digno e a proteção previdenciária são direitos sociais fundamentais e, como tal, ligados ao princípio da dignidade da pessoa humana, finalidade última e a razão de todo sistema jurídico. No entanto, assim como o conceito dignidade da pessoa humana, o conceito do trabalho ou relação de emprego também deve evoluir, entendo-se que o maior patrimônio da empresa é sua carga humana, que implica em solidariedade, respeito e mútua cooperação. 

“O custo Brasil de acidente de trabalho é altíssimo, embora o mundo esteja bem melhor do que já foi (escravidão, por exemplo), e disso não podemos esquecer. O avanço precisa ser coletivo, cultural, legislativo, mas principalmente da nossa mentalidade enquanto empresários e legisladores, dentro da realidade brasileira”, afirmou. 

Ao final, com a participação da Dra. Celita Oliveira Sousa, foram colocados vários exemplos dessa realidade. Um deles: o caso de uma copeira que contratada diretamente pelo Governo recebia R$ 6 mil e que depois de terceirizada passou a receber R$ 1.800, com um trabalho de maior qualidade.


Experiência da Alegria em Meio a Adversidade

Wellington Nogueira, Doutores da Alegria

O “Doutores da Alegria” é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que tem como missão promover a experiência da alegria como fator potencializador de relações saudáveis. Tudo acontece por meio da atuação profissional de palhaços junto a crianças hospitalizadas, seus pais e profissionais de saúde. Além disso, a organização visa compartilhar a qualidade desse encontro com a sociedade com produção de conhecimento, formação e criações artísticas. Mantida pelo apoio de empresas e pessoas físicas na forma de patrocínio, parceria e associação, a organização foi pioneira na introdução do teatro em um quarto de hospital. O trabalho deles foi incluído duas vezes pela Divisão Habitat da ONU entre as melhores práticas globais. 

Mas onde está a graça? O engraçado é que é sério! Segundo Wellington, são 20 anos como palhaço em hospitais. A vida é feita de encontros com pessoas e que podem ser baseados em dois tipos de paixões: as tristes ou alegres – quando olhamos de igual para igual e um potencializa o outro. Levar alegria só acontece se você tem uma base de confiança – olho no olho. O que há em comum são as brincadeiras com as bolhas de sabão.

Tudo começou com uma viagem à Broadway e seu grande sonho de aprender a cantar, representar... Uma amiga o convidou para um teste como palhaço em um hospital. Daí para a criança fixar o olhar no grupo, sentar na cama e começar a brincar com eles foi um pulo!
No Brasil, atuaram em São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e mais recentemente em Belo Horizonte/MG. São 58 artistas, 17 anos de atuação, 19 hospitais, 600 mil crianças atendidas, muita pesquisa e documentação sobre qual é o papel destas crianças na vida destes palhaços, além de conteúdo – compartilhado com todos do hospital. 

“Os Doutores da Alegria trabalham para transformar o ‘besteirologista’ em jovens artistas palhaços profissionais. E o trabalho é feito com ética e qualidade, através de treinamento e disseminação do conhecimento. Colocar o melhor de nosso trabalho a serviço da criança. (respeito e confiança). O besteirologista (profissional de saúde – phd em besteiras) sempre pede licença para entrar no quarto. Começam com uma conversa ‘mole’ para se aproximar do paciente e então submetê-lo a uma performance. Eles vão escrever a história juntos, vão ser autores da brincadeira juntos, já que a alegria é uma comunicação bem estabelecida”, explicou. 

Lembre-se: a experiência da alegria não é apenas convergir para a doença da criança, mas ver o que está bom e estimular esse ponto através do olho no olho. “Temos a tradição de encobrir a verdade, de acreditar na primeira imagem (a da doença). O palhaço procura o que está bacana no paciente mirim e se agarra nisso para criarem suas próprias histórias: a do palhaço e da criança”, falou Wellington. 

Mas quais as características da personalidade de um palhaço? É imprescindível que ele olhe o mundo com a cabeça e os olhos de uma criança, sem a lógica e a razão dos adultos, reinventando, com criatividade, coragem, sem medo de ser ridículo para ver o que é diferente, o que vai além do que nos disseram. A criança vê o lado bizarro e assim acessa a magia do momento e da transformação individual. 

Welligton acredita que, num futuro próximo, os palhaços estarão em todos os lugares – escolas, fábricas, empresas – qualquer ambiente que sinta a necessidade de que as pessoas revejam a relação com o outro e com a vida. Visão: Evolução Pela Alegria!

Visão Panorâmica das Relações de Trabalho no Mundo Moderno

Dr. Maurício Rands, Deputado Federal. Formado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco e pós-graduado em Direito doTrabalho e Relações Industriais pela Universidade de Bari, na Itália. Iniciou vida política em 1981, quando se filiou ao PMDB, onde permaneceu até 1989, migrando para o PT. Atualmente exerce seu segundo mandando eletivo como deputado federal na legislatura 2007/2011. No dia 12 de fevereiro de 2008 foi eleito líder do PT na Câmara dos Deputados

O sistema de relações do trabalho não é isolado e, portanto, a sua evolução tem tudo a ver com o ambiente institucional e econômico de determinado país. Mas quais são as mudanças que estão acontecendo nas relações do trabalho: Quais as tendências do mundo moderno? 
Segundo Maurício, temos desafios em escala global, embora todos os problemas sejam solucionáveis. O primeiro é o desafio da sustentabilidade. Nossas atitudes cotidianas precisam de mudança, incluindo consumo, modelo de desenvolvimento. 

“O segundo desafio é o crescimento habitacional, principalmente nos grandes centros, onde há aglomeração. Em 2020 poderemos ser 9,5 bilhões de habitantes, já pensou? Já como terceiro desafio temos a desigualdade entre classes, da distribuição de renda de cada país. É preciso equilíbrio, é necessário compartilhar mais e não sobreviver sozinho como a maioria da humanidade faz”, falou ele.

Inseridas nestes três pontos estão as relações de trabalho: valorize o direito coletivo em detrimento ao individual; que aconteça o melhor para todos. Mas só se consegue prover mudanças, se tivermos a capacidade de fazer outras reavaliações institucionais. É preciso, de acordo com o palestrante, fazer Reforma Tributária, Reforma do Sistema Político (que é permeável à corrupção, precisamos torná-la mais coletiva), Reforma do Judiciário (incertezas jurídicas, o tempo dos processos, grande quantidade de litígios) e Reforma do padrão da Administração Pública.

Tudo depende também de uma mudança comportamental (desafios da humanidade, que coloca em risco a espécie humana). “Precisamos mudar de mentalidade. Não basta fazer projeto de lei, é necessário que a sociedade mude a sua cultura, seus comportamentos”.

Questionado da existência de uma Central Sindical dos Empresários (por Aldo de Ávila Junior – Seac-SP), se queremos transitar da heteronomia para a autonomia coletiva, comentou que é preciso que o sindicato patronal se desenvolva. “Se desejam estar em uma central ou não, cabe ao ordenamento jurídico reconhecer e estimular. No Brasil tudo foi organizado de cima para baixo, ou seja, não é o Estado sozinho quem deveria organizar a sociedade”, fechou o palestrante.

Felicidade, Qualidade de Vida, Equilíbrio e Bom Humor

Leila Navarro, palestrante comportamental, fisioterapeuta de formação, especialista no comportamento humano e em medicina comportamental pela Escola Paulista de Medicina. A Empresária é autora de vários livros, e presidente do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Capital Humano (IPEDESCH). É uma das raras mulheres que compõem o cenário de conferencistas brasileiros, chegando a integrar o ranking dos 20 maiores palestrantes do país, divulgado pela revista Veja

 “Coragem para mudar, de não ter medo do ridículo. Ridículo é fazer o que as pessoas esperam que eu faça. Quanto mais eu faço diferente mais eu ganho dinheiro”, foi uma das dicas de Leila Navarro.

Porque outros muitos pontos interessantes foram colocados por ela, a exemplo das pessoas que riem, que trazem alegria ao mundo e que, conseqüentemente, fecham mais negócios. As pessoas problemáticas geram mais acidentes. Já as positivas contagiam os outros. Quando se entende que é único, você faz diferente. Tem gente que depende de você e acredita em você, lembre-se disso. A atitude é que ensina – mais prática do que teoria. 

“Pagamos pelo preço o que queremos. No Brasil é assim. Não adianta brigar com o preço na nossa realidade, isso é desgaste de energia. Pegue esta energia e foque em outras coisas. Aproveitar da empresa o que ela tem de melhor, o mesmo com o mercado, sempre com ética, é claro”.

Outro recado importante: vivemos no mundo da exclusão, e isso faz parte do jogo. Na dança das cadeiras, sempre irá sobrar um ou até mais que um. E nesse ponto quem não irá sobrar será aquele que possui um perfil criativo, confiável, pessoas que saibam fazer diferente!
“Por fim, atualize seus sonhos, diariamente! É preciso planejar, listá-los para que as energias e as oportunidades apareçam. Sonhar é antidepressivo, é anti-ansiedade, porque os olhos enxergam o que estamos buscando, tornando tudo mais fácil”, finalizou ela.


Em Busca de uma Arte Brasileira

Ariano Suassuna, um dos mais importantes dramaturgos brasileiros, autor dos célebres “Auto da Compadecida” e “A Pedra do Reino”, é um defensor militante da cultura brasileira. Advogado, professor, teatrólogo e romancista, nasceu em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa/PB, em 16 de junho de 1927 e ocupa a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras. Ligado diretamente à cultura, iniciou em 1970, em Recife, o “Movimento Armorial”, interessado no desenvolvimento e no conhecimento das formas de expressão populares tradicionais
Piadista inteligente, sagaz, Suassuna falou de causos e do povo brasileiro. “Não somos um povo de quarta categoria. Acredito que vivemos num grande país e temos um grande povo. E se a classe empresária brasileira começar a se comportar à altura, brilhará em muito pouco tempo”, disse ele. 

Há tempos, desde jovem, se bate contra este desprezo que grande parte dos brasileiros tem pelo nosso país. Eu não sou inimigo da cultura universal. Eu devo muito a Gothe, Shakespeare, Dostoievski... O que não admito é o lixo cultural que nos enfiam goela abaixo. Quando estudo grandes nomes, quero entender como são os seres humanos daqueles países. E cada um que conte a história do seu povo com qualidade que este o tem. Quem assim o fizer, terá a sua literatura universalizada. Eu defendo a cultura brasileira. Me chame para uma briga que vou, mesmo que pensem que é uma batalha perdida”.  

“A universidade brasileira ensina de costas para o país e de costas para o povo. Numa aula na USP perguntei quem foi Matias Aires e ninguém conhecia, sendo este, além de grande pensador, um escritor admirável, um filosofo do século 18. Recitou um dos versos sobre as Reflexões sobre a vaidade dos homens e Cartas sobre a fortuna, editadas em 1752”.

“Mostrou as artes brasileiras em comparativos a outras artes e defendeu o valor da nossa arte, que alguns desconhecem. Todo o trabalho dele vem sendo colocado a serviço da idéia de defender o Brasil e o seu povo. Querem destruir todas as culturas e se não amarmos, nivelaremos a nossa cultura e nosso país ao nível dos outros, que nem sempre são de bom gosto e qualidade”, enfatizou este gigante da literatura. E “sem querer desmerecer bandas como Calypso –  Euclides da Cunha, Machado de Assis, Villa Lobos têm a cara do Brasil e não são bregas, não”.

Reforma Tributária

Bernard Appy, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda apresentou alguns entraves da Reforma Tributária, a exemplo da complexidade, problemas dos tributos indiretos (cumulatividade, desoneração incompleta dos investimentos), problemas relativos à tributação interestadual do ICMS (tributação das importações) e guerra fiscal.

Para um projeto de Reforma, eis seis pontos a serem analisados: 

  • Simplificação dos Tributos Federais
  • Extinção de 5 tributos federais e criação de um imposto sobre o valor adicionado (IVA-F): (COFINS, PIS, CIDE, SALÁRIO EDUCAÇÃO, CSLL-IRPJ)
  • Entrada em vigor no segundo ano após a aprovação do PEC
  • IPI seria mantido como imposto seletivo e para fins de política industrial

Simplificação do ICMS

  • Unificação da legislação do ICMS
  • Extinção do atual ICMS e criação de um “Novo ICMS”
  • Grande simplificação (27 legislações para 1)
  • Alíquotas uniformes

Fim da Guerra Fiscal

O Projeto acabaria com a guerra fiscal ao reduzir progressivamente a parcela do ICMS apropriado no estado de origem:

  • Processo e completado no oitavo ano subseqüente à aprovação da PESC, com a criação do Novo ICMS
  • Prazo de mudança permite que benefícios já concedidos sejam progressivamente reduzidos, sem criar turbulências
  • Modelo prevê possibilidade de cobrança na origem com uma câmara de compensação entre os Estados
  • Mantém-se uma alíquota residual de 2% na origem para estimular a fiscalização e ressarcir custos administrativos.

Qual a garantia da receita nesse caso?

A criação do Fundo de Equalização da Receita (FER), para ressarcimento dos
estados por eventuais perdas no processo de transição do ICMS

  • Partes dos recursos vinculados constitucionalmente e parte definida em lei complementar
  • Alocação decrescente para compensar a desoneração das exportações e crescente para compensar eventuais perdas decorrentes da reforma
  • Regulamentação por lei complementar.

Correção de Distorções dos Tributos Indiretos

  • Fonte de redução da cumulatividade do sistema tributário
  • Regulamentação do IVA-F e do novo ICMS viabilizará ampla apropriação de créditos de bens e serviços adquiridos pelas empresas
  • Desoneração completa das exportações
  • Aperfeiçoamento da legislação. 

Desoneração

  • Desoneração com impacto fiscal permanente (redução da contribuição patronal sobre folha ao ritmo de um ponto percentual ao ano de 2010 a 2015, passando de 20% para 14%)
  • Desoneração com impacto fiscal transitório (redução do prazo para a apropriação do crédito na aquisição de bens de capital)
  • Desoneração pela elevação de outros tributos (extinção da contribuição para o salário educação e ampliação da desoneração da cesta básica)
  • PEC possui dispositivo (a ser regulamentado por leis complementar) que garante que não haverá aumento da carga tributária na criação do IVA-F e do novo ICMS.

Entre os impactos positivos para as empresas. temos:

  • Grande simplificação das obrigações tributárias com redução expressiva de custos da carga tributária
  • Melhora das condições de concorrência e aumento da eficiência econômica, seja com o fim da guerra fiscal ou redução da sonegação e da informalidade.
    Conclusão da quantificação da reforma?
    Os impactos sobre o crescimento econômico:
  • A mudança terá um impacto relevante sobre o potencial de crescimento do país; com a reforma, a taxa anual de crescimento do PIB dos próximos 20 anos poderia ser elevada em 0,5 pontos percentuais ao ano. Ou seja, um PIB 20% maior com a reforma tributária.

O momento é oportuno para a reforma por causa do crescimento econômico:

  • Facilita o fechamento da equação fiscal da reforma (que tem custo para a União)
  • Deterioração do ambiente da guerra fiscal 
  • Maior demanda da sociedade por mudanças do sistema tributário.

Bernard Appy lembrou ainda que a implantação da Nota Fiscal Eletrônica viabiliza tecnicamente mudanças que eram inviáveis em momento anteriores, e que a base de dados atual permite calcular com precisão as perdas e ganhos dos estados, racionalizando a compensação.

Brasil: um país de mudanças

Alexandre Garcia, jornalista, começou sua carreira no rádio aos sete anos, fazendo papéis infantis em radiovovelas. É formado em curso técnico de Contabilidade e no vestibular em todo o curso, na PUC/RS, onde depois lecionou. Foi correspondente no exterior pelo Jornal do Brasil e depois subsecretario de Imprensa da Presidência da República por 18 meses. É repórter especial, comentarista e apresentador no Jornal Nacional, Bom Dia Brasil, Jornal da Globo, Globo Repórter e tem programa semanal na Globonews. Autor de “João Presidente” e “Nos Bastidores da Notícia”, que vendeu mais de 60 mil exemplares e está na 11ª. edição

A última palestra do evento foi de Alexandre Garcia, que falou de mudanças; ou melhor: da necessidade das mudanças. “No Brasil, não levamos as coisas muito a sério; é difícil falar de mudanças...”. Fez então uma rápida retrospectiva dos governos anteriores, focando a infra-estrutura e continuou dizendo que o Brasil nunca mudou tanto quanto nestes últimos 15 anos.
“Em dezembro de 1992, quando Collor foi deposto, descobrimos que nenhum general precisou de espada e nenhum ‘cara pintada’ quebrou nada. A sua saída foi seu último legado e dentro da Lei. Depois do Governo de Itamar, em meados de 1994, aconteceu o fato mais importante do Brasil – término da hiperinflação, Plano Real – e com isso não sobreviveríamos em um mundo globalizado. Foi aí que os empresários que aplicavam no overnight caíram na realidade do faturamento, o salário que estávamos pagando, os nossos custos, o tamanho dos juros e o tamanho gigantesco dos impostos, ou sejam descobriram que agora tinham que aprender a administrar suas empresas e aí houve uma seleção natural. Somente as empresas competentes sobreviveram. Tivemos uma mudança grande na economia brasileira, que nos preparou para uma economia globalizada, caso contrário estaríamos apartados do mundo”, reavaliou o jornalista.
 E essa mudança não foi a única, disse ele. “Na hora que resgatamos o valor da nossa moeda, tivemos a chance e o tempo de tratar os outros temas, como o da corrupção. Passamos a falar em ética, tema nunca antes debatido, e hoje é uma demanda de todos nós, inclusive com empresários levando a bandeira. Mas ainda temos dengue, desrespeito ao trânsito, bala perdida, jogo do bicho, traficantes e bandidos em geral. Hoje passamos a julgar que ‘jeitinho’ não leva a nada. São mudanças que não notamos. Hoje damos emprego para quem segue as regras, àqueles que não passam em cima dos direitos alheios. A falta de educação de nosso país prejudica o voto.
 Grandes jornalistas não vão mais a discursos, voltam lá um ano depois para saber como esse discurso está. Depois engabelamos vocês com Tancredo Neves... Teve o Cruzado, que já falei, depois veio a Nova República (velho Maranhão), depois veio a “Constituinte”... ou seja, comemoramos o Carnaval cinco dias depois que um menino foi arrastado pelas ruas e hoje se faz carnaval em cima do caso da menina que foi jogada pela janela”.
 Voltando um pouco, Alexandre Garcia lembrou da eleição de Lula em 2002. Antes derrotado três vezes, pela primeira vez o povo se identifica com o presidente. Após a posse vem o Roberto Jefferson, o Mensalão, os acusados, ou seja... Eu não sei se essas coisas acontecem por falta de atenção, fiscalização nossa... Bom, Lula foi reeleito, por grande diferença de votos, por medo que o Alckmin acabasse com Bolsa Família, etc. Lula estava blindado e hoje está no pico!.Ele teve a sabedoria, ou intuição de reconhecer que a política econômica neoliberal iria mantê-lo no poder. O mundo é assim e é está a política que tem que deve ser aplicada. Ou seja, hoje temos que ter medo da inflação. Pagamos a dívida, estamos com Real forte e Dólar em baixa. Vale lembrar que vamos ver subprime de carros. 
Para concluir, citou uma pesquisa que indica que para o futuro, dentro de 30 anos, este serão cinco maiores países do mundo em termos economia: EUA, China, Brasil, Índia e Rússia. Mas se o Brasil quiser chegar lá tem algumas condições:

  • Abrir-se para o mundo
  • Não depender de poupança externa (empréstimo, capital de risco)
  • Reformar as instituições de Governo: Executivo, Legislativo, Judiciário – Município e União
  • Investir em educação, já que fora da educação não há salvação.

 “Estamos bem economicamente, mas estamos com escândalo moral. Da nossa parte talvez alguns não lutem. Está faltando fazer uma reflexão sobre a nossa passividade e da nossa participação como cidadãos. Um exemplo: não participar, reivindicar, também ajuda a enfraquecer as leis”, finalizou o comentarista.


EXPOSIÇÃO PARALELA
Veja quem esteve no Eneac 2008 apresentando seus produtos:


Alfa/Tennant
No início de 2008, a Alfa tornou-se uma empresa Tennant e agora é parte de uma organização global. No evento, apresentou toda a sua linha de limpeza profissional (lavadoras, varredeiras, extratoras, entre outros.). Destaque para a lavadora de piso T3e, com operador a pé e que utiliza a tecnologia FaST® (uso de até 90% menos de detergente e aumento em 21% a característica antiderrapante do piso) e tem capacidade de limpeza de até 2.000 m2/h. – www.sociedadealfa.com.br


Fecomércio
Apresentando os serviços e benefícios dos SESCs, instituição parceira das empresas do comércio e serviços, oferece serviços sob medida às empresas em todo o País, através dos SESCs regionais. www.sesc.com.br


Ober
Apresentou a linha Limtech – uma tecnologia de não-tecidos para limpeza e higienização, que tem característica anti-bactericida. O produto tem formato e matérias-primas variadas, utilizados para limpar sujeiras sólidas, líquidas e pastosas em diferentes tipos de superfícies para uso em limpeza profissional. www.ober.com.br
Ticket
Além de patrocinar o Eneac 2008, apresentou produtos da linha Ticket. São elas: Car (produtos e serviços de abastecimento), Transporte (vale-transporte), Seg (especializada em benefícios de RH), Build up (administração de pessoal), Accentiv’® (agência integradora de soluções de marketing de relacionamento), Restaurante (tickets para refeições) e Alimentação (benefício-alimentação).
www.ticket.com.br

Becker
Apresentou sistemas avançados de higiene e limpeza, composto pela linha de tratamento de pisos, higiene geral e automotiva, soluções hospitalares, sanitização de áreas alimentícias, lavanderia. Além das tradicionais embalagens institucionais, a empresa está comercializando alguns produtos em embalagens de 2 litros e 750 ml para menores necessidades de uso.
www.industriasbecker.com.br

Trilha
Representada pela revenda local de Santa Catarina – a B.Brasil – a empresa mostrou uma vasta linha de produtos e equipamentos com design inovador: toalheiros, saboneteiras, dispensers sanitários, para papel higiênico e porta-guardanapo. Além disso: uma linha de sabonetes líquidos dos tipos bactericidas e desengraxantes.
www.trilha.ind.br
www.bbrasilprodutosdelimpeza.com.br

Kärcher
Com o catálogo profissional 2007/2008, expôs sistemas em limpeza (lavadoras/secadora, polidora, varredeira/aspiradora, lavadoras, aspiradores, secador de piso, purificadora e recicladora para tratamento de água). Dois dos lançamentos são a varredeira de piso manual (KM 70/20C) e a varredeira de piso com sucção (KM70/30).
www.karcher.com.br

Mezzo
Desenvolveu um projeto em conjunto com a Febrac, que contempla um conjunto de ações e estratégias com o objetivo de promover a organização da gestão empresarial e o fortalecimento da comunidade das empresas de asseio e conservação. Além de seguros diversos, destaca-se o FAP Controle, sistema de controle e acompanhamento do grau de risco da empresa, buscando minimizar os reflexos causados pelas novas regras promovidas pelos Decretos 6.042/07 e 6.257/07 (seguro de acidente de trabalho). 
www.mezzoplanejamento.com.br

JohnsonDiversey
Através de sua rede de distribuidores autorizados e com o lema de estar sempre empenhados para ser os melhores e simplificar a vida de seus clientes, apresentam linhas de limpeza geral, pessoal, clínica, equipamentos para tratamento de pisos, entre outros. Um dos destaques é o sistema patenteado J-Flex – tecnologia de dosagem –, que traz como benefício simplificar a operação de diluição de químicos com confiabilidade, precisão, simplicidade, segurança, controle de custos e versatilidade.
www.johnsondiversey.com

Fahel
Divulgou sua parceria com a Febrac na disponibilização de sistemas de saúde, através da rede hospitalar Hapvida, além de seguros empresariais e empréstimos consignados. A empresa atende a região Nordeste e pretende ampliar seus serviços para todo o Brasil.
www.fahelcorretora.com.br

Ideal
A vitrine da Ideal foi a linha de produtos e serviços ecoeficientes – o GreenPACK – que reduz o impacto na saúde das pessoas e no meio ambiente. Inclui desde recicláveis de papéis sanitários, dispensadores, guardanapos, copos descartáveis até produtos com matérias-primas de origem natural, vegetal, como a AUXI, composta de cinco categorias de limpadores e sabonetes, cuja formulação não contém petróleo e certificada pelo Instituto Bio Dinâmico (IBD).
www.idealsistemas.com.br

Sebrae
Divulgou seus cursos, treinamentos e publicações, como agentes de capacitação e de promoção do desenvolvimento, prestando assessoria na área gerencial para que empresários se capacitem. A exemplo: Negócio Certo, Faça e Aconteça, Rumo a ISO 9000, Consultoria Gerencial, Integrada, Empretec, Aprender a Empreender, Gestão de Qualidade, entre outros.
www.sebrae.com.br

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