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Edição 39 - Entrevista

Hotelaria e terceirização...

Vice-presidente do Eron Brasília Hotel, empreendimento de grande conceito localizado no Distrito Federal, Eraldo Alves da Cruz também preside uma das associações mais representativas do setor hoteleiro do Brasil: a ABIH Nacional. Fundada em novembro de 1936, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis tem como objetivo principal contribuir para o desenvolvimento do turismo no Brasil.
Neste processo, Eraldo vem se revelando uma das mais expressivas autoridades de Brasília na representação do segmento turístico. Este ano, o hoteleiro recebeu o Prêmio Personalidade do Turismo concedido pela Folha do Turismo e Mercado & Eventos. Aqui, você confere uma entrevista especial com este empreendedor, que destaca a importância e os cuidados da terceirização nos meios de hospedagem, além de específicas análises sobre o papel fundamental da limpeza para as redes hoteleiras.

HigiPress - Como a prática da terceirização de serviços de limpeza tem evoluído no setor hoteleiro?
Eraldo Alves da Cruz - A terceirização no setor hoteleiro nasceu com os condomínios de apart-hotéis, que logo depois foram denominados de flats. Hoje eles tomaram a forma de condohotéis (hotéis em condomínio), pois passaram a ser administrados sob o regime condominial de pool locativo, residencial ou hoteleiro. Estes pools tiveram e têm nas mãos uma administração de capital realizada por terceiros, o que lhes permitiu inovar e ser praticamente precursores da terceirização. Com o advento do novo decreto de lei que regula o funcionamento das empresas da cadeia produtiva do turismo, os flats e apart-hotéis tiveram de optar por um caminho direcionado a longa estadia, abrindo espaço para o surgimento dos condohotéis. Estes, por sua vez, possibilitam o crescimento de novos estabelecimentos, também com capital de terceiros, tornando-os competitivos e incentivando a formação de quadros terceirizados.

HigiPress - De que maneira a limpeza pode valorizar ou prejudicar a imagem de um hotel?
Eraldo - Ela é fundamental na administração hoteleira. O hotel que não a valorizar tenderá a cair na vala comum e vir a ser tachado de pensão da "dona Maria Joana". O Copacabana Palace Hotel, considerado, por méritos, o melhor da América do Sul, tem pessoas constantemente limpando, ainda que não precise. Só o fato dos hóspedes verem a movimentação de limpeza já passa a imagem do cuidado exacerbado pela assepsia, o que é sempre muito bom.

HigiPress - Porque em outros países, a exemplo dos Estados Unidos, a terceirização de serviços de limpeza é utilizada tanto nas áreas comuns quanto nas áreas dos quartos nos hotéis, diferentemente do que ocorre no Brasil?
Eraldo - Sempre que fazemos comparativos, devemos levar em Hotelaria e terceirização...
Uma combinação que pode dar certoconta a evolução dos setores, o histórico cultural e os costumes. Os americanos são líderes de terceirização e há muitos anos trabalham com o sistema de padronização, que muita ajuda na escolha de um sistema possível de terceirizar.
 
HigiPress - Na sua opinião, o fato de não se terceirizar camareiras no Brasil pode ser considerado uma questão trabalhista/legal ou de gestão?
Eraldo - A principal questão é sempre de gestão. Um quadro de funcionários identificado, com pouca rotatividade e mais integrado, forma o patrimônio da imagem de um hotel. As questões trabalhistas e legais evoluem, embora vagarosamente, que acabarão por permitir a expansão da terceirização como hoje já acontece nas áreas de segurança e informática.

HigiPress - O que a prestadora
de serviço deve priorizar em relação a limpeza nos hotéis?
Eraldo - Ela deve estabelecer um plano de trabalho rigoroso e muito bem identificado, com absoluto controle do serviço realizado, que possibilite checagem e rechecagem" constantes.

HigiPress - Quais as especificidades deste setor?
Eraldo - Os diferenciais estão basicamente no porte das empresas restadoras de serviço e no grau de flexibilização que apresentam na administração da contratação das pessoas que prestarão serviço aos hotéis. O funcionário de hotel não tem, nem pode ter, o mesmo perfil do funcionário da indústria pesada ou de outra de igual característica.

HigiPress - Enquanto entidade representante do setor de hospedagem, como os hoteleiros sentem a terceirização de serviços?
Eraldo - Os hoteleiros tradicionais demoram mais a aceitar esta realidade, não só pelo impacto que causam – porque acabam gerando desemprego de pessoas identificadas e qualificadas –, mas também porque foram educados a prestar serviços tendo um controle direto dos que atuam a frente das ações. Mas é uma realidade com a qual temos de conviver e até orientar para que forneçam uma mão-de-obra que não comprometa nossos serviços e que não nos fragilize perante os hotéis de rede que trabalham sob o sistema de padronização, que provoca economia de escala e permite maior competitividade de oferta de preços.

HigiPress - Quais os serviços terceirizados com maior incidência nos hotéis brasileiros?
Eraldo - No início, terceirizava-se a lavanderia pela economia de espaço físico e dos fundos de administração imobiliária. Com o tempo, esta economia se estendeu à segurança e há muito que já chegou à limpeza. Entretanto, é preciso observar alguns cuidados para não entregar a terceiros uma área sensível da administração, cujo objetivo são os bons serviços com garantia de retorno. Atualmente, lavanderia, segurança e limpeza são os setores que mais terceirizam seus serviços.

HigiPress - O que achou da criação (em julho) da Associação Brasileira de Compradores de Hotéis e Restaurantes, presidida pelo Sr. Antônio Xavier Siqueira, também a frente da gerência do hotel Gran Meliá WTC São Paulo?
Eraldo - A união faz a força. A união em prol dos mesmos ideais é fundamental em todas as áreas. A de Compras em um hotel é sensível e tem causado muita polêmica e controvérsia. A informatização e a Internet começam a provocar mudanças nos sistemas. A união dos compradores certamente irá encontrar meios que possibilitem economia, sendo a troca de informação um bom caminho para encontrar novas soluções. Esperamos alcançar nossos maiores objetivos: economia e qualidade. E reduzir preço nas compras é uma boa forma de otimizar custos e poder investir mais nos serviços do hotel.

HigiPress - O mercado hoteleiro já pratica a compra de "serviços" por leilão eletrônico?
Como analisa esta tendência?
Eraldo - É sem dúvida o caminho do presente e a estrada do futuro. Precisamos vencer as barreiras culturais e melhorar nosso nível de informatização. Assim, a prática irá virar rotina. O mercado já se utiliza deste sistema, mas ainda o vemos mais nas redes de hotéis, onde a escala justifica a utilização e a oferta promissora dos fornecedores.

HigiPress - E quais seriam os pontos fortes e a melhorar?
Eraldo - A vantagem desta prática é com certeza o menor preço. Já a desvantagem fica por conta dos poucos produtos que podem ser adquiridos desta maneira. O pregão e o leilão eletrônico fun-
cionam bem para grandes quantidades e produtos de escala crescente. Já os serviços – cuja qualidade é o principal destaque – continuarão a ser comprados pelos sistemas tradicionais.

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