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Marcio Pochmann |
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Terceirização
A terceirização não é uma especificidade brasileira. É um fenômeno que está acima da decisão dos países. Foi com esta afirmação que Marcio Pochmann iniciou sua apresentação no "Seminário Internacional Sindeepress - Terceirização Global: a realidade brasileira comparada", dia 12 de fevereiro, em São Paulo.
O presidente do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada mostrou pesquisa inédita sobre a terceirização global (Brasil e outros 144 países). Resumidamente, a análise desse conjunto de informações sistematizadas tornou possível compreender o avanço do processo de terceirização transnacional dos contratos de trabalho, apresentada em quatro etapas.
A primeira parte discute a evolução das condições gerais da produção de bens e serviços no mundo, enquanto a segunda trata mais especificamente do movimento de transnacionalização da terceirização de trabalho. A terceira e quarta etapas consideram as empresas especializadas na terceirização dos contratos, bem como as perspectivas do trabalho terceirizado no mundo.
Vale ressaltar que a primeira pesquisa, relativa ao conjunto de 145 países, considerou o comportamento geral dos postos de trabalho desde 1950, segundo setor de atividade econômica e tipo de ocupação. De acordo com o banco de dados da Organização Internacional do Trabalho, o bloco de países selecionados responde por 83,2% do total da força de trabalho com 16 anos e de idade ocupada em 222 países (2,9 bilhões de pessoas).
E há um crescimento acintoso do setor de serviços. Enquanto a agropecuária caiu de 63% para 36% em ocupação no mundo, serviços passou de 24% para 42%, ultrapassando inclusive a manufatura, que foi de 13% para 22% em evolução de oportunidades de trabalho. Ou seja, o setor tem a sua força.
Agentes da terceirização transnacionalizada da mão-de-obra Falando dos agentes da terceirização da mão-de-obra, a pesquisa aponta que o Brasil, por exemplo, responde por quase 9% do total de trabalhadores que tiveram seus empregos agenciados por empresas especializadas em terceirização nos 33 países pesquisados em 2006 (800 mil trabalhadores). Como o Brasil representa 14,4% do total da ocupação no mesmo grupo de países, percebe-se, sobretudo, o potencial da atuação das corporações de terceirização transnacional na economia brasileira. Somente em 2006, o Brasil deve ter respondido por 1,9% da terceirização mundial (7,1 milhões de ocupados), sendo de 13,8% de responsabilidade direta das corporações transnacionais - 982 mil trabalhadores.
Outro dado que chama a atenção é que das 45 milhões de ocupações abertas por ano - 16,5 milhões ou 36,7% são terceirizadas. E esse índice só tem a crescer. Basta que seja com qualidade. A ressalva de Marcio Pochamann foi no sentido de lembrar que a terceirização pode ser, mas não é sinônimo de precarização. "Vemos praticamente a mesma qualidade em termos de perfil de trabalho, mas os salários não acompanham essa realidade". De acordo com a pesquisa, há um desequilíbrio quando se faz a comparação entre salário médio e taxa de rotatividade do trabalhador terceirizado e não terceirizado, em 2005, no Estado de São Paulo. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, Guia de Contribuição Sindical e CEF, um colaborador próprio recebe em média 4,6 salários mínimos contra 2,3 salários mínimos de um terceiro. Já o turn-over é da ordem de 49,1% para 83,5%, respectivamente.
O que é preciso então para mudar este modelo? Segundo Pochmann, é preciso pensar nas estratégias, oportunidades no Brasil para aproveitar os benefícios do cenário nos próximos 15, 20 anos. "O Brasil será aquilo que quisermos que seja", enfatiza.
Complementando, Luiz Felipe Ferlauto, executivo de Outsourcing da IBM Brasil, lembrou que a terceirização não é simplesmente transferência de mão-de-obra. "Serviços são pessoas, por isso a política de RH deve ser arrojada, com capacidade ainda de gerenciar processos e tecnologias".
Como ações emergenciais, é preciso capacitação específica para os trabalhadores e adequada à estratégia do negócio. E não a capacitação pela capacitação. Também é necessário que a cadeia se reúna para lutar por mais segurança jurídica para o avanço dos negócios, além de mais segurança para o trabalhador (uma espécie de códigos para o trabalho terceirizado), além - é claro - da questão da tributação.
Votorantim Metais Case de sucesso também em Limpeza Para comprovar as vantagens da terceirização, quando bem aplicada e gerenciada, contamos a seguir o Case Votorantim Metais, apresentado por José Belfort, diretor de Novos Negócios e Comercialização da Cushman & Wakefield.
Com 216 escritórios em 58 países, a C&W é uma empresa global, que iniciou suas atividades na América Latina em 1994. Hoje, conta nesta região com mais de 3.330 funcionários e 9,3 milhões de metros quadrados gerenciados.
Desse espaço, estamos falando de 885.800 metros quadrados somente no site Barra Mansa da Votorantim Metais, contrato sob a responsabilidade da gerenciadora desde meados de 2007. A população atendida é de 3.820 pessoas com um número de terceiros de aproximadamente 2.850. No escopo de serviços de infra-estrutura: Transporte, Restaurante, Segurança Patrimonial, Manutenção Predial e Limpeza e Conservação.
Neste último quesito, a Cushman - através de consultora especializada - identificou falhas no processo de limpeza predial, ruas e pátios, e realizou estudo onde foram contemplados os seguintes itens:
Unificação dos escopos de todos os departamentos para que se possa medir produtividade e qualidade dos serviços; •Melhoria da tecnologia aplicada na limpeza e conservação; •Melhoria da coleta seletiva e destinação final do lixo.
Um dos benefícios a partir dessas medidas simples foi o impacto na segurança. Ou seja, o trabalho em limpeza favoreceu ter maior controle das áreas, e conseqüente, contenção de invasões e furtos de sucata. Entretanto, outros escopos versaram sobre a limpeza e conservação, como:
•Plano de Ação para recuperação de áreas com êxito de 100%; •Implantação do plano de controle de pessoal da equipe de limpeza; •Poda da tela da linha férrea; •Capina na margem do Rio Bananal; •Capina e limpeza na Vila Siderúrgica; •Melhoria do estacionamento principal.
Resultados medidos em termos de satisfação? O público interno mostra benefícios garantidos, assim como a companhia, que acaba de designar mais cinco plantas para a C&W gerenciar.
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